DIÁRIO DE UM TEMPO ESTRANHO
Tudo se conjugava para
que fosse mais um dia como os anteriores: levantar, passar o tempo, almoçar,
passar o tempo, jantar, passar o tempo e deitar. Desta vez porém consegui uma
grande vitória: consegui convencer a minha mulher a sair de casa para ir às compras.
Depois de várias semanas enclausurados, casa/ jardim, jardim /casa, foi com
muita hesitação e muito receio que lá fomos às compras. Segunda vitória: o
carro ainda funcionava e eu não havia deixado de saber conduzir. Após
colocarmos a devida máscara, fizemos as necessárias compras sempre a medo,
sempre desconfiados e com a agravante de nos cruzarmos com vários inconscientes
sem máscara que com ar de superioridade olhavam para nós como animais do zoo. A
verdade porém, é que os irracionais são os que não cumprem os conselhos que nos
transmitem. São-nos fornecidos os princípios gerais contra a pandemia, mas o
melhor conselheiro está dentro de nós. É verdade que o medo distorce a nossa percepção
da realidade a tal ponto que onde está uma flor nós já vimos um animal feroz,
mas mais vale acautelar as nossas acções do que lamentar não o termos feito.
Deixo-vos agora com uma oração apropriada a estes tempos tão estranhos: Concedei-nos
Senhor a serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar, a coragem
para modificar aquelas que podemos e a sabedoria para distinguir umas adas
outras. Agora com toda a serenidade vou decerto ter bons sonhos sentindo o eco
deste absurdo silêncio.
Fernando
Pereira
Óptimo, amigo Fernando, dizer muito com poucas palavras.Abraço
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