POSTAL
Sob as dobras do seu manto
Eis-me aqui na Serra- mãe,
Tranquilo como ninguém
Envolto no seu encanto.
Sempre me causam espanto
Os seus verdes matizados,
A mais nenhuns comparados
Tal como toda a flora,
Tão bela a qualquer hora
Com mil aspectos variados.
Mal rompe a alvorada
O cuco dá-me os bons dias,
E logo outras cantorias
Começam a desgarrada.
A bela popa pintada,
O pardal, o verdelhão,
O melro espertalhão,
Tudo entra na sinfonia
E assim começa o dia
Neste abençoado chão.
O sol no seu caminho
Vai abençoando a serra
E zelando pela terra
Com o seu quente carinho
Acena-lhe o rosmaninho
E o baixote carrasqueiro
Em profusão o primeiro
E a fresca urze viçosa
Que abraça, generosa
O formoso medronheiro
E o Sol no seu passo
Continua a caminhar
Para a todos poder dar
O seu generoso abraço
Sem recear o cansaço
Abraça o velho carvalho
E delicado, mimalho
Beija a bela pascoinha
E finalmente à tardinha
Dá por findo o seu trabalho
Arnaldo Ruaz
02/05/2020
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