No passado dia 27 na Casa da Cultura de Setubal, foi homenageado o poeta setubalense "João Calceteiro", de seu nome, João Augusto Mendes.
Com 91 anos, participou em diversas antologias e reside atualmente no Lar Paula Borba em Setubal.
Deixamos aqui um dos seus poemas,
A minha profissão
Fui calceteiro, aliás
Muitos anos trabalhei
Muitas léguas caminhei
Andando só para trás
Mas hoje, não sou capaz
De tal arte trabalhar
Não me posso corcovar
E andar como o caranguejo
Nesse trabalho desejo
Que eu sabia executar.
No tempo em que trabalhava
Portanto, a fazer calçada,
Era uma coisa engraçada,
Que amíude eu escutava,
Quando alguém comparava
O calceteiro ao Doutor
Dando-vos igual valor,
Se a memória não me escapa
De que é a terra que tapa
Nossos erros de maior.
Que digam que o calceteiro
Tapa os seus erros com terra
Isso ainda se tolera,
Tem muito de verdadeiro.
Eu porém, sou o primeiro
A repor esta verdade
Não pode haver igualdade
Entre o Doutor e aquele
Que ao Doutor, os erros dele
São doutra profundidade.
(João Augusto Mendes)
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