quarta-feira, 27 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (16/05/2020)


CONFINAMENTO VERDE

I
Decorrem calmos os dias
Não sem algumas canseiras
Mas são mais as alegrias
Que colho das sementeiras.
II
Planeei um batatal
Que não levei a efeito
Substitui-o por um faval
Que deu favas a preceito.
III
As nabiças, que sensação
Cresceram verdes, viçosas.
Nas belas sopas de feijão
Ficam mesmo deliciosas.
IV
As cebolas estão a crescer
E vêm muito animadas
É certo que vou comer
Umas belas ceboladas.
V
Mesmo ao lado o belo alho
Está quase pronto a colher
É o que dá menos trabalho
Planta-se e é vê-lo crescer.
VI
A fresca alface, coisa sã
O rico espinafre ferroso
Coentros, salsa, hortelã
Que tornam tudo apetitoso.
VII
As abóboras e as corgetes
São um regalo de ver
Talvez não colha “paletes”
Mas vão produzir a valer.
VIII
Nos dois últimos canteiros
Artísticos e bem verdinhos
Vêem-se os belos tomateiros
Já com os seus tomatinhos.
IX
A mãe Natureza é grata
Nunca deixa de agradecer
À mão que bem a trata
E a sabe compreender.


ARNALDO RUAZ
16/05/2020

Diário de um tempo estranho (25/05/2020)


Amanhecer soalheiro com promessa de temperatura a subir.
Constrangido ao obrigatório confinamento, neste tão estranho tempo da mortífera pandemia, detenho-me a registar alguns factos nada animadores.
Não se pretende exibir, em linguagem elaborada, um simplório texto de uma qualquer conotação semântica, mas antes trazer para a ribalta, factos que suponho mais salientes da actualidade.
Com alguma surpresa e até estupfacto, ouço notícias nada animadoras, cujo
tema foca as consequências dramáticas do enigmático Covid-19.
Em quarentena, calamidade e confinamento desde Março/2020, tem-se notado ultimamente uma acalmia nas infecções, em Portugal.
As autoridades, tendo isso em linha de conta, bem como a reposição da economia, do mercado de trabalho, do catastrófico desemprego ( fatal e previsível ), do tombo no turismo, do equilíbrio financeiro, anuncia e promove acções dinamizadoras para relançar a tão debilitada economia.
Outras esporádicas notícias ( por vezes contraditórias), desviam a atenção
para factos tão tristes quanto estranhos: queda de avião no oriente, despistes e mortes na estrada, incêndios, mortes e torturas de crianças indefesas,que até parece serem  “ trazidos “ também pelo incógnito vírus.
Anuncia-se o desconfinamento e abertura das praias em junho /2020, a
lotação total dos aviões, abertura de fronteiras, “injecções “ na área do turismo, dinheiro do estado (???) em Banco privado, enfim factos para que o ZÈ POVINHO se vá distraindo. . . ou que a burguesia vá afirmando que “vai ficar tudo bem “ e voltar “à normalidade”. É de supor que parece desejar-se o regresso ao anterior poder vaidoso e arrogante, sob o doce disfarce de traços  angelicais e sedutores.

25.05.2020
“elmano”


Diário de um tempo estranho (21/05/2020)


O efeito surpresa parece ter sido fundamental para que o vírus covid-19 tenha tido os lúgubres resultados avassaladores e que continua a ter.
Constata-se, com efeito, que o citado vírus continua a proliferar, a transpor oceanos causando, além de terríficos milhares de mortos, muitos mais milhares de infectados, ocasionando sempre consequências trágicas nas economias dos países e danos sociais enormes, grande parte dos quais, ou irrecuperáveis, ou muitíssimo difíceis de colmatar.
Vai para 3 meses que esta malfadada pandemia introduziu, de chofre, uma nova linguagem, com termos nada habituais.
Como é fácil de adivinhar, não é minha intenção tornar banal, nem monopolizar a, de certo modo verborreia intensiva dos media, com números e mais números, em busca de audiências, ou, pior, como se, com frieza admirável, estivessem a anunciar os campeões de provas desportivas.
Já vão recentemente, com alguma surpresa verifico, abordando as tristes consequências causadas pelo vírus destruidor, no campo económico, social, financeiro e até familiar.
Vai havendo tentatívas de lenta recuperação de áreas laborais, do comércio, indústria, turismo, lazer, enfim, da sobrevivência dos cidadãos, pois, sabe-se pelos media, que já se luta com problemas de fome.
Toda uma imensa cadeia de questões graves que têm pelo menos duas inquestionáveis dicotomias : Vida / morte.
Nestas longas vigílias nocturnas, dou por mim a enunciar: emergência, calamidade, confinamento, mitigação, vírus, enfermeiros e médicos infectados, enfim, o que a pandemia veio trazer. 
Estranho que alguém vá supor que se volta à ”  normalidade “.
Sem solidariedade e não só ?
 21.05.2020
“elmano”

Diário de um tempo estranho (21/05/2020)


A brisa forte da Primavera
traz notícias da nova guerra.
Na sua peugada, incógnito vírus.
Em silêncio, altera a vida na terra.
Tormentosa cruz.
Mata. Infecta, procria.
Pandemia !

Sem armas mortíferas,
sem mísseis, obuses, táticas militares;
Sem oficiais generais
e outros que tais,
parece segregar batalhas infrutíferas.

Que caos também provoca. . .
Teima em perdurar:
Guerra, ódio, terror
destruição, desamor.

Sem um tiro, sem armas visíveis,
Nossas vidas invade até à morte.
Surpresa ! remédios possíveis ?
Na dúvida, joga na sorte.

Esperança, dias promissores !
Advento de bela madrugada,
Com níveas mãos de fada 
Vai reportar nossos amores. . .

21.05.2020
“ elmano “



segunda-feira, 18 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (10/05/2020)


Numa nova Primavera

Daqui por muitos anos
E de novo numa Primavera viva
Diremos que o ano 2020
Ficou suspenso na pandemia
E que ficou o Mundo
Suspenso no ano
E as pessoas suspensas no Mundo
E quando saíram
nem ficaram cegas
nem choraram a lua
apenas sorriram de cara para o sol.

                           Isabel Melo
                          10/05/2020


Diário de um tempo estranho (03/05/2020)


MINHA MÃE, DESTES TEMPOS

Que tempos estes tão indecifráveis
Querida Mãe
Tempos de incerteza e incredulidade
Quem diria que dois meses intermináveis
Não são um tempo, são uma eternidade.

O teu amor ultrapassa-te
Queres mostrar que é bom estares só,
Com receio da nossa preocupação
E afim de não inspirares dó,
Isso és tu e o teu amor tão só.

Essa é a tua grandeza
Mostrar que tens toda a precaução
No teu regaço de mãe, todo o amor
Essa é a tua, a nossa única certeza.

Ambas temos esperança
Mas ambas temos receio
Não por mim, mas por ti
E tu não por ti, mas por mim,
Dizemos ser passageiro
Ambas fingimos que somos fortes.

Que tempos são estes, Mãe
Em que tenho medo de ter receio de te abraçar,
Se um abraço é o mais simples de tudo,
De tudo em que queremos ficar.

Mas é bom saberes, Mãe
Que tens muitos filhos e netos anónimos
Que se preocupam com os mais velhos,
Nossas raízes que não podem paralisar
 principalmente em tempo de pandemia
Nossos alicerces são os únicos e todos
Que não podemos deixar fragilizar.

Acima de tudo, querida Mãe
Nestes tempos breves de amor perene
É também para a Virgem Mãe,
A nossa fé e esperança em forma de prece!

                                        3/05/2020
                                        Isabel Melo





Diário de um tempo estranho (05/05/2020)


O sonho alinhavado de projecto.
Muita revolta ! Só sobrevivência . . .
São assim as fortunas do  sem tecto .
Do sem abrigo a constante vivência.

Confuso, espera que vá piorar. . .
Vírus Covid -19. Má sorte !
O seu grupo onde é que irá parar ? !
Vai existindo, sem regras, sem porte. . .

A navegar na fome e na miséria,
Na desordem, avanços, arrecuas.
Ajuda oficial, zero. Mas que léria ! ?

Apático, só, doente, nas ruas,
Às sobras sociais, com e sem prazo;
  “ águas torvas “. ao acaso.


 05 de Maio de 2020
  (elmano)


·  Esta Pandemia atinge também os “ sem abrigo ”.
   de quem  pouco se fala.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (14/05/2020)


Após raro e salutar descanso nocturno, com o espírito bem menos atribulado,   ocorreu-me extravasar para o papel  uma reduzida quantidade da panóplia absurda  de excentricidades que vão toldando este nosso tão conturbado tempo.
        Lento acordar , chuva intensa, manhã plumbea.
        Estações de rádio e Tvs. “ esmagam “  com todo um corolário de tragédias que teimam em continuar a perturbar psicologicamente, induzindo um medo apocalíptico.
         É a crise económica instalada que afecta tudo e todos, é o fantasma do desemprego, é a falta de conhecimento de como tratar com eficácia os infectados pelo Covid-19 , por parte de profissionais da saúde, que não obstante a sua denotada entrega, na 1ª linha de tratamentos, tiveram contra eles : a falta de equipamentos, o efeito surpresa do perigoso vírus.
          O natural desconhecimento do mesmo.
          As esforçadas tentativas efectuadas a nível hospitalar, político e científico;
          As diversas acções tomadas pelas autoridades, a diversos níveis de poder;
          Todos os cooperantes em limpezas, organização de espaços de utilização    pública;
          As decisões e pesquisas a nível de saúde e científico,
           A traumática “ escolha “, em alguns países, entre quem segue para tratamento em cuidados intensivos, e quem não tem lugar e tem que falecer;
           Decisões de chefes políticos que não querem “ travar “o vírus;
           Enfim, as lentas e cautelosas tentativas para relançar a economia e assegurar o emprego, dada a catástrofe financeira que abala áreas fundamentais de produção e consequente facturação em todas as chamadas grandes e pequenas empresas.
           Tudo isto pesa nas enormes preocupações do povo português.
           
           Terrificamente, acresce a toda esta catástrofe, o hediondo e macabro assassinato e violências contra a identificada e indefesa Valentina, - criancinha - da zona de Peniche, por parte, como sabemos de um adulto odiento e bárbaro. Indivíduo masculino .  ( tudo isto em 07 / 08 de maio / 2020.
           
            Ocorre-me um emocionado desabafo:
            Que bárbaro !
             Já nem com alguma família as crianças estão bem . .

  14.05.2020.
  ( “elmano” )

Diário de um tempo estranho (10/05/2020)

                                                                                                                                    
EM TARDE DE CONFINAMENTO

Já não beijo nem abraço,
E sinto certo embaraço,
Quando alguém me vem falar.
E eu penso, como é que faço,
Como desato este laço,
Como vou cumprimentar.

Não sei até quando dura,
Esta espécie de censura,
Em que me tapam a boca.
O certo é que se perdura,
Esta vida de loucura,
Decerto vou ficar louca!

Mas como sou educada,
Não querendo ser malcriada,
Tenho que arranjar maneira,
Sem tocar, sem dizer nada,
Desejar boa jornada,
A quem passa à minha beira.

Não basta dizer “Olá
Como vai, como é que está?”
Porque a voz sai abafada,
É gritar ao Deus dará,
Porque do lado de lá,
Decerto não se ouve nada,

Mesmo que me queira rir,
Piscar o olho, sorrir,
O sorriso não existe,
Ninguém me vai ver mentir,
Que às vezes estou a fingir,
Que estou a rir,
Estando triste.

Não sei bem se isto me ajuda,
Cumprimentar como Buda,
Juntando as mãos  num “Namaste”,
Pode ser, Que Deus me acuda,
Alguém dizer “Oh miúda,
O que foi que me chamaste?”


Também tentei várias vezes,
Ir imitando os chineses,
Só fazendo um mesura,
Mas isto de chinesices,
Só tem trazido chatices,
Algumas não tendo cura.

Fazer como antigamente,
Curvar-me elegantemente,
Em vénia palaciana.
Não resulta certamente,
Vão pensar que estou demente
Ou é alguém que os engana.

Bem sei que uma continência,
Seguida de reverência,
Ao bom estilo militar,
É cumprimento de excelência,
Mas precisa eficiência,
Não os consigo imitar.

Muito fiz, muito ensaiei,
No assunto trabalhei,
P’ra arranjar a solução.
Acho que enfim encontrei,
Um modelo que eu achei,
Ideal para a saudação.

Pesei os prós, os porquês,
E creio que desta vez,
Vou seguir um bom caminho!
Faço o que Bordalo fez,
Num gesto bem português,
Imitando o “ZÉ POVINHO”.


                    Set.10.05.2020                                                                                  Maria Luisa

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (10/05/2020)


Seu berço é a Natureza ? !
Proveta de laboratório ? !
Prolifera e surpreende:
Travesso, qual duende.
Fértil, voraz, caótico,
Inimigo silencioso,
Inflexível, despótico,
Quer mais e mais no forno crematório. . .
Quantos mortos sem velório!

Depressivo, acarreta o desespero,
Até ao exagero.
Lá vem a fome, o desemprego,
O Lay off, as esperadas  falências,
Do patrão as prepotências . . .
A falta de sossego .

Ignominioso agente do terror,
Covid-19 pandémico,
Prepotente. ditador ,
Teima em ser sistémico.
Fica o Caos, a crise económica
derrocada financeira.
Voracidade fágica !
Anagnórise trágica !

Rádios e Tvs, que obsessivo serviço.
Repetição negra, exaustiva
Nova realidade, novo vocabulário
“ lenga lenga ”, que corolário
( sem comentário ):
Lares e hospitais com infetados,
Máscaras, pandemia,contágio
quarentena, calamidade, crise sanitária,
Crise humanitária !

A Natureza vai ser a Fénix renascida:
Das próprias cinzas renasce a Vida.
Com serenidade,
Nova realidade . . .

10.05.2020
“elmano”


Diário de um tempo estranho (08/05/2020)


                DISFARÇADOS
       
     
         “O esforço para unir a sabedoria e o poder raramente dá certo e somente por tempo muito curto”
           Albert Einstein 


  O primeiro disfarce (artifício) refere-se ao não acatamento da regra para se escrever em Times New Roman 12.
   Refiro isto pelo facto de me terem obrigado a compor em tal estilo, do qual não gosto, pedindo-me até a utilização de apenas um espaço entre as palavras, o que cumpri.
   Qual não foi o meu espanto por verificar que um, dois, três … escreventes não cumpriram a regra e o seu disfarce foi aceite.
   Tudo bem, por mim admito o disfarce, sem qualquer rebuço … há uns mais iguais do que outros.
   O segundo disfarce tem a ver com as máscaras, supostamente sanitárias, que o poder instituído me obriga a usar sistematicamente, mesmo que não esteja de acordo, ao arrepio de tudo o que considero razoável, eficaz e até ferido de inconstitucionalidade.
   Porém, sou “ bem comportado” e acérrimo cumpridor da “lei”, por mais dura e iníqua que se me afigure. Logo, uso a máscara nos locais que “eles” determinaram.
   Vejam lá se algum dia “o povo pode querer um mundo novo a sério”, palavras sábias do imortal António Aleixo…           

   Luis Pinho
   08/05/2020          

Diário de um tempo estranho (08/05/2020)


                      MASCARADOS

         “   O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons”
              Martin Luther King 



     Em tempo de desleal enfermidade,
     Todos nós subsistimos mascarados,
     Quem manda amarra-nos bem ligados 
     À miséria da aparente liberdade.

     Usando de enorme potestade,
     Sequiosos, insensíveis, obstinados,
     Os mandantes legislam saciados,
     Fruindo o domar da comunidade.

     Não tirem ao povo a fragrância
     De gozar o sol, o ar puro, a fantasia
     Da beleza que é a tolerância.

     Por mim espero, ansioso, ter a alegria
     De voltar a usufruir com veemência,
     Da licença que não tenho hoje em dia.

     Luis Pinho 
     08/05/2020

Diário de um tempo estranho (25/05/2020)


25.04.2020

Os Homens saíram à rua
Na alma carregavam a fome
no peito a vontade de a saciar
Abril nasceu dessa vontade
Numa mão trazia a esperança
Na outra a liberdade
Alastrou-se pelas ruas, pelas vielas, pelas praças
resoluto, armado,
conquistando espaços
a revolução fez-se
não com armas
mas com cravos
e abraços

Fernando Alagoa © todos os direitos reservados


Diário de um tempo estranho (03/05/2020)


03.05.2020

Se eu pudesse abraçar a Terra toda
beijava-a muito, até me cansar
depois transportava-a comigo, ao colo,
junto ao peito para a mimar
dizia aos pólos para não serem muito gelados
porque o frio faz-me cócegas na barriga
e depois põe-me a espirrar
De vez em quando brincava com ela
atirava-a ao ar
apanhava-a com firmeza
para a voltar a lançar
e imitar a proeza
rebolávamos pelo espaço sideral
caminhávamos descalços pelo manto celestial
e gritávamos palermices à Lua
porque ela não sabe,
pobrezita...
mas está sempre nua
e ríamos sem parar
Depois, acertava a gravidade
para afinar as rotações
aprumar a translação
e regular as estações

Na primavera,
havia de limpar os oceanos
filtrar as águas
escovar os corais
corrigir as correntes
conversar com as baleias
varrer as praias
limpar os areais…
sacudir os rios
limpar as folhagens
reorientar as cascatas
e ajeitar as margens

No verão,
entretinha-me a brincar com as florestas
penteava as baobás africanas
para estarem sempre sorridentes
e viçosas para os animais
Na Amazônia pintava algumas árvores
com as cores do carnaval
só para ver os índios sorrir
da minha patetice
naquele seu ar angelical
Na floresta boreal
construía bonecos de neve, anafados,
carrancudos,
para divertir as renas do Pai Natal

No Outono,
reorientava o Sol
reciclava a vida
projectava as rajadas e os ventos
desenhava a transição
pintava as árvores com amarelos enegrecidos
vermelhos garridos
e só por brincadeira,
havia de colocar-lhes agasalhos
mantas de retalhos
ou coisa parecida

No inverno,
arrumava os pólos
colava os icebergues bem coladinhos
e empilhava a neve
em montes bem juntinhos
para diversão dos ursos, dos pinguins, das focas
e dos leões-marinhos

Quando já fosse velhinho
sentava-me num banco do jardim espacial
e limitava-me a contemplar a Terra
dizia até amanhã à Lua
essa irmã mais pequenita
até adormecer

Depois da vida, em sonhos
havia de continuar a ver a Terra brilhar
Porque ela ainda por cá há-de ficar
generosa, bela, acolhedora
Mãe protectora!

Muito depois de nós
muito depois!...

Fernando Alagoa © todos os direitos reservados

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (04/05/2020)


DESCONFINAMENTO



Este iniciar de dinamismo explode,
o relâmpago, trovoada começa a desconfinar;
quem comanda as águas reage e sacode,
liberta os cansaços, deixa a vida rolar!

          Caminha a esperança entre frescura,
segue a Internet em velocidade no espaço;
o futuro é visto com outro olhar e ternura,
troca o saber da civilização por outro laço!


Cheira a verão, ir à praia para mergulhar,
visitar museus, paisagens, viver, sonhar!...
Voltar a sorrir, ser feliz no Universo.

Ouvir no silêncio com inteligência
e assim, acreditar na clara experiência,
cantando com alegria, a crise, em Belo Verso!



Setúbal, 04/05/2020
Inácio José Marcelino Lagarto

Diário de um tempo estranho (19/04/2020)


19.04.20

Escola adormecida
império do silêncio
imitação da vida
Nas salas, o quadro, o giz, as cadeiras, as mesas
trocam olhares de consternação
as portas e os armários interrogam-se
constroem diálogos mudos
sobre a quietude que domina o espaço
e a desilusão
De vez em quando,
pequenos estalidos interrompem o vazio,
alimentam esperanças
afinal é apenas a chuva que fustiga as janelas
num acto doloroso e sombrio
A campainha ainda toca
marcando compasso
alimentando a expectativa
do regresso de um abraço
Na biblioteca, adormecida
os livros anseiam pelos olhos que lhes dão vida
Lá fora,
só as sombras dançam no pátio
as árvores, as paredes, a calçada
choram
Os edifícios aguardam em desassossego
mergulhados em saudade
esperam, anseiam
pelos olhares
pelos sorrisos
pelas brincadeiras
pelas correrias
pelo colorido
pelos corpos
pelas almas
que lhes dão sentido

Para voltarem a ser Escola

Fernando Alagoa © todos os direitos reservados


quarta-feira, 6 de maio de 2020

Diário de um tempo estranho (06/05/2020)


Cantarolando seus amores,
Com magia e suavidade,
Cupido transporta calores,
Mesmo sem olhar à idade:
Injecta desejo e ardores
Nos corações desprevenidos
Despertando amor e desejo,
Também por vezes esquecidos.

Cupido em sua digressão,
Algo travessa, diz o mito;
É do amante confusão,
Até mesmo do mais contrito,
Que deslizando na paixão,
Por caminhos já percorridos,
Vai escorregar nos amores,
Também por vezes esquecidos.    

                                       Lá vem Eros com Afrodite,
                                       Desinquietar D. Quixote,
                                       Instigando-lhe o apetite
                                       Dar-lhe suave e doce mote,
                                       E bem sugestivo convite,
                                       P’ra desejos algo floridos,
                                       Multifacetados amores;
                                       Também por vezes esquecidos.

                                       Amor desejo, amor carnal,
                                       Simulados, escondidos;
                                       São já desejos afinal,
                                       Também por vezes esquecidos.

                                        06.05.2020
                                          “elmano”




A Casa Convida