sexta-feira, 24 de abril de 2020

Diário de um tempo estranho - (21/04/2020)


GRATIDÃO (Dedicado aos profissionais de saúde)

Com as batas brancas que fazem lembrar
Nuvens de algodão,
Ou batas azuis que lembram o mar,
Com a esperança a passar de mão em mão
São pombas da paz em círculos no ar.
O rosto escondido
O corpo vestido de inquietação,
Nada a descoberto, somente o olhar,
Lá dentro do peito sofre um coração.
O tempo parou, o tempo é vulcão
Nele ardem as dores que são sufocadas,
Calcadas, guardadas, na alma sofrida,
Respira-se Morte, procura-se a Vida.
É forte a penumbra das horas cansadas
E todas as horas parecem paradas.
Soldados anónimos que cerram fileiras
Que lutam, que sofrem, que choram
Nas frágeis trincheiras.
Os dias vividos enfrentando o medo
Anjos da guarda daqueles que partem
Num último olhar guardado em segredo.
Silêncios cortados
Na luta incessante sem definição
Abraços deixados
Numa só palavra: GRATIDÃO!

Alexandrina Pereira
21/04/2020

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