DIÁRIO DE UM TEMPO ESTRANHO
Ano começado, tão igual como os
de que nos lembramos, a esperarmos felicidade e saúde na continuação regular
dos dias seguidos, em que mudanças bruscas não acontecem sem avisos ou sinais
que se sentem no ar ou arrepios que nos incomodam e alertam.
Nesta continuidade, de repente,
acordámos naquele início de Março e ouvimos que se aproxima quarentena, que
estamos em confinamento, que vamos entrar em emergência e, várias semanas
depois, ainda nesse estado surpresa para todos, reconhecemos um presente que ficará
as nossas vidas para a frente e que, pela extensão sem paralelo no nosso mundo
global de agora, marcará acontecimento na história e será estudado pelos nossos
netos e seus descendentes como sobressalto maior para a imensa maioria dos
humanos, na civilização avançada em que nos consideramos estar.
Parada a maior parte da
actividade comercial e toda a vida pública, proibidos o passeio para divertir e
gozar e a viagem para descobrir e apreciar outros ambientes e, ainda mais
doloroso, desaconselhado e reprimido o contacto próximo das pessoas, amigos e
familiares e todas as outras, encontramo-nos dias e
semanas em casa, ocupando-nos com várias coisas boas e com sentido, mas fora do
que faríamos normalmente e com outras, de que não ficará memória, mas que servem
para fazer andar as horas à espera da normalidade que tarda.
É o diário deste tempo estranho
que aqui iniciamos.
Alberto Vale Rêgo
20 Abril 2020
Magnífica Introdução caríssimo. Certeira e objectiva
ResponderEliminarLuís Pinho