quinta-feira, 23 de abril de 2020

"Diário de um tempo estranho" (Introdução 20/04/2020)


DIÁRIO DE UM TEMPO ESTRANHO

Ano começado, tão igual como os de que nos lembramos, a esperarmos felicidade e saúde na continuação regular dos dias seguidos, em que mudanças bruscas não acontecem sem avisos ou sinais que se sentem no ar ou arrepios que nos incomodam e alertam.
Nesta continuidade, de repente, acordámos naquele início de Março e ouvimos que se aproxima quarentena, que estamos em confinamento, que vamos entrar em emergência e, várias semanas depois, ainda nesse estado surpresa para todos, reconhecemos um presente que ficará as nossas vidas para a frente e que, pela extensão sem paralelo no nosso mundo global de agora, marcará acontecimento na história e será estudado pelos nossos netos e seus descendentes como sobressalto maior para a imensa maioria dos humanos, na civilização avançada em que nos consideramos estar.
Parada a maior parte da actividade comercial e toda a vida pública, proibidos o passeio para divertir e gozar e a viagem para descobrir e apreciar outros ambientes e, ainda mais doloroso, desaconselhado e reprimido o contacto próximo das pessoas, amigos e familiares e todas as outras, encontramo-nos dias e semanas em casa, ocupando-nos com várias coisas boas e com sentido, mas fora do que faríamos normalmente e com outras, de que não ficará memória, mas que servem para fazer andar as horas à espera da normalidade que tarda.
É o diário deste tempo estranho que aqui iniciamos.

Alberto Vale Rêgo

20 Abril 2020

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