DIÁRIO DE UM
TEMPO ESTRANHO – 23 DE ABRIL DE 2020
Hoje acordei muito nostálgico. São dias! A propósito: - Que
dia é hoje? Não interessa. Infelizmente tenho razão para estar descolado do tempo.
Há um vírus à solta. Invisível, traiçoeiro e porventura cobarde, porque só dá a
cara alguns dias depois de nos atacar, e que nos obriga a ficar em casa com
medo até de à janela espreitar, não vá ele descobrir-nos. Mas este confinamento
trás muitas complicações e de entre elas talvez a psíquica seja a pior Cada semana
parece um mês e cada mês não tem fim. Para mero exemplo da confusão mental que
esta situação provoca, considero que Março
foi o ano mais difícil de passar de todos os tempos. As compras e a
socialização passaram a efectuam-se à distância. O nosso relógio interno já não
tem percepção do tempo e a vida está mesmo virada do avesso. Afinal, a minha
nostalgia tem mesmo razão de ser: Amanhã é sexta-feira,
dia de nos encontrarmos com os amigos e petiscarmos no “Pinga Amor” (passe a
publicidade) contarmos umas anedotas, e combinarmos o almoço de Domingo.
Mas…quando comecei a ouvir as notícias, voltei à realidade: luvas, máscaras,
sim, máscaras não, dois metros de distância, lavar as mãos, não tocar no rosto,
não apertar a mão, não dar beijinhos… Esta última é que me mata. Mata mais que
o próprio vírus. Agora vou deitar-me menos nostálgico, convicto de que este dia
será menos um dia no caminho de regresso à normalidade.
Fernando
Pereira
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