Novos
Tempos deste tempo
Para
que sejamos nós próprios,
Em tempo tão estranho, este tempo dos tempos
Vou tentar apaziguar toda a torrente de sensações
Em força do vento vindo do Universo como centro
Para em fervor nos questionar e apaziguar com reflexões.
Palavras sobre um vírus desconhecido vieram de longe
Em sobressalto num tempo cada vez menos distante
Agonizaram seres que não tiveram tempo para a fuga
Dando a outros a estranha sensação de transmitir a
culpa.
Para
que sejamos Humanidade,
De forma cerimoniosa nos afastámos e a medo nos
escondemos
O nosso temor se confirmou e surgiu em forma de
pandemia
Confinamento e distância social se exigiu no próprio
amor
E se pensou na Alegoria da Caverna com medo do
próprio dia.
Cidades vazias em casas plenas de informação em
suspenso
Com preces e ajuda dos profissionais de saúde em
fixação
Com a ironia de estar a Humanidade num ecrã como
argumento
De um tempo que nos questiona se é realidade ou
ficção.
Para
que façamos parte dos nossos,
Transformámos a dedicação e o amor na utilidade da
união
Entendemos o torpor, avanços e recuos para a
comunidade
Filhos e netos ajudaram pais e avós sem estigma de
obrigação
Das varandas e vias digitais inventámos actos de
solidariedade.
Em testes de matemática e ciência com silêncio em
abundância
Tacteámos novos gestos para vidas carentes de
abraços
Cantámos, escrevemos, dissemos, gritámos ecos de
esperança
A fim de não esquecer que em Primavera continuamos
nossos passos.
Isabel Melo