segunda-feira, 27 de abril de 2020

Diário de um tempo estranho (23/04/2020)


DIÁRIO DE UM TEMPO ESTRANHO – 23 DE ABRIL DE 2020

Hoje acordei muito nostálgico. São dias! A propósito: - Que dia é hoje? Não interessa. Infelizmente tenho razão para estar descolado do tempo. Há um vírus à solta. Invisível, traiçoeiro e porventura cobarde, porque só dá a cara alguns dias depois de nos atacar, e que nos obriga a ficar em casa com medo até de à janela espreitar, não vá ele descobrir-nos. Mas este confinamento trás muitas complicações e de entre elas talvez a psíquica seja a pior Cada semana parece um mês e cada mês não tem fim. Para mero exemplo da confusão mental que esta situação provoca, considero que Março foi o ano mais difícil de passar de todos os tempos. As compras e a socialização passaram a efectuam-se à distância. O nosso relógio interno já não tem percepção do tempo e a vida está mesmo virada do avesso. Afinal, a minha nostalgia tem mesmo razão de ser: Amanhã é sexta-feira, dia de nos encontrarmos com os amigos e petiscarmos no “Pinga Amor” (passe a publicidade) contarmos umas anedotas, e combinarmos o almoço de Domingo. Mas…quando comecei a ouvir as notícias, voltei à realidade: luvas, máscaras, sim, máscaras não, dois metros de distância, lavar as mãos, não tocar no rosto, não apertar a mão, não dar beijinhos… Esta última é que me mata. Mata mais que o próprio vírus. Agora vou deitar-me menos nostálgico, convicto de que este dia será menos um dia no caminho de regresso à normalidade.
                                                                                                          Fernando Pereira

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