sábado, 25 de abril de 2020

Diário de um tempo estranho ( 20/04/2020)


1
Minúsculo ser vivo, leve como pó,
Espalhou-se pelo Mundo, deixando-o mais só.
Com a forma de coroa e a força letal,
Vai impondo ao Homem seu poder mortal.
E por causa dele tudo é diferente,
A normalidade mudou de repente.
Vivemos trancados, presos em clausura,
Sós, preocupados, com medo e amargura.
Os dias, as horas, escoam gota a gota,
Se é Sexta ou Domingo, quase não se nota,
Olhar para o futuro é ideia vã,
E já não se fazem planos p’rá manhã,
Andamos na rua como os mascarados,
Fugindo dos outros, p’ra não ser tocados.
A palavra morte tornou-se banal,
E contam-se os óbitos no telejornal,
Enquanto se almoça, se janta, se come,
Apenas são números, já não tem nome.
E há pensamentos, dúvidas que consomem,
P’ra ter tal castigo, que mal fez o Homem!






                                                                                                2
Mas antes do fim eu quero VIVER,
Tenho que ter Fé na palavra “querer”.
Quero ver pessoas passarem na rua,
Em vez da cidade deserta, tão nua.
Quero ver mulheres, homens e crianças,
Olhá-los sorrindo, sem desconfianças.
Quero ver famílias, amigos, afectos,
Poder conversar serenos, directos
Apertar a filha, dentro dos meus braços,
Cobrir minha neta, de beijos e abraços.
Quero ter a vida que dantes vivia,
Era tão feliz, só não o sabia.
Quero ter a força,  fé e confiança,
Que ao seguir o mal, desponta a bonança.
E quero esperar a cada momento,
Que haja uma vacina, um medicamento,
Que seja eficaz, que esperança nos trague,
Que haja uma cura, que faça um milagre.
Confiar nos homens, mas olhar os céus,
À espera que lá, inda haja um DEUS,
Que nos traga a paz, que nos dê saúde,
Por isso hoje eu rezo “que Deus nos ajude”
                                                                               20.04.20  Maria Luisa

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